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Mensagem de blogue por Coordenação Pedagógica SCORING

Criar uma empresa: O Modelo Canvas e o Plano de Negócio


Criar uma empresa: O Modelo Canvas e o Plano de Negócio


O primeiro passo para empreender é começar, e tudo começa com uma ideia de negócio. No entanto, ter uma ideia por si só não é suficiente, pois esta tem de ser realista e tem de ser testada para saber a sua viabilidade. Deste modo, antes de criar qualquer tipo de empresa, recorrer a incentivos ou recorrer a financiamento bancário, é fundamental que o empreendedor elabore o seu plano de negócios, que consiste num documento de planeamento, capaz de evidenciar a viabilidade económica de um projeto empresarial.

Nas palavras de Brian Tracy, o ato de planear aumenta em dez vezes a probabilidade de atingir o objetivo (1000%). Qualquer oportunidade que o mercado tenha, a tentativa de exploração dessa oportunidade sem uma estrutura é muito arriscada e pode custar o sucesso do negócio.

De referir que o objetivo dos investidores não é ser um dos “proprietários/gestores” do negócio, mas sim obter um determinado retorno para os seus investimentos financeiros. Deste modo, o plano de negócios deve ter determinadas características, para que investidores tomem decisões mais assertivas e os riscos sejam mitigados.


O plano de negócios, é exigido por bancos e investidores para avaliar e certificar a viabilidade de uma empresa e respetiva ideia de negócio, o que mitiga riscos e incertezas para o empreendedor e potenciais investidores.


Características de um plano de negócios

Um bom Plano de Negócio deve ter nove principais características: 

  1. Integrar a equipa: ao estruturar cada etapa, cada colaborador ficará com mais direção e alinhamento na persecução dos seus objetivos, o que permitirá uma melhor execução do plano;
  2. Ser realista nas suas metas, prazos, riscos, obstáculos, dados e em todas as suas informações;
  3. Ser dinâmico, com ajustes permanentes conforme as alterações no mercado;
  4. Comunicar com clareza o seu conteúdo, adequando ao perfil do leitor do plano de negócios; 
  5. Ser completo, pelo que deve conter toda a informação importante para o negócio;
  6. Conter uma explicação de como o produto ou serviço vai satisfazer as necessidades de potenciais clientes;
  7. Conter uma abordagem aos pontos fortes e às oportunidades do mercado e eventuais pontos fracos e ameaças externas;
  8. Assegurar vendas, lucro e fluxo de caixa atraentes;
  9. Ser um instrumento de controle.


Gestão de risco

Um plano de negócios deve conter o que pode correr bem ou mal e acautelar medidas corretivas, para que a empresa possa responder, de forma eficaz, a possíveis acontecimentos desfavoráveis.

O risco não deve ser ignorado. Deverá responder a questões como: “e se as taxas de juro subirem?”, “e se houver uma escalada da inflação?” ou “e se houver uma crise no país fornecedor de matérias-primas?”. Um potencial investidor ficará, seguramente, mais confiante se a empresa, como resposta às questões colocadas acima, tiver uma política de gestão de risco, recorrendo, por exemplo, ao “hedging” nos mercados financeiros, ou definindo uma política de seguros.

Os empreendedores deparam-se atualmente com vários desafios e questões: como desenhar o modelo de negócio da empresa? Como descobrir a frustração que há no mercado? Como descobrir uma forma de aliviar essa frustração, de forma rápida e eficaz? Como resolver o problema do cliente melhor que a concorrência? O que muda com o digital? Como liderar num mundo em constante mudança? Como será a empresa do futuro? A incerteza, a imprevisibilidade, a mudança e o mercado cada vez mais competitivo, com consumidores cada vez mais exigentes e informados, obrigam os gestores a definirem estratégias flexíveis, capazes de acompanhar a inovação e facilmente adaptáveis à evolução permanente do mercado. Mas, antes de tudo, teremos de responder à seguinte questão: o que antecede a definição de um modelo de negócio?


Diagnóstico

Nesta corrida pela satisfação das necessidades e entrega de valor ao consumidor o primeiro passo é o diagnóstico, para perceber a situação atual da empresa (ponto de partida). A situação atual da empresa, pode ser dada pela análise do Balanço e dos Resultados da empresa e pela análise estratégica aprofundada do Ambiente Interno e Externo das empresas e que podem afetar o sucesso do negócio. 

No quadro competitivo global, é importante que sejam analisadas as forças e fraquezas, as oportunidades e ameaças que influenciam o negócio. Esta análise leva a que a empresa possa minimizar possíveis aspetos desfavoráveis (que podem afetar negativamente a empresa) e maximizar oportunidades (aspetos favoráveis que podem afetar positivamente o negócio da empresa). Então, há uma análise do ponto de partida que é absolutamente decisivo para nós começarmos. 


Adicionalmente, os empreendedores, tolerantes ao risco e incerteza, têm de ter o foco no mercado, na satisfação dos clientes, na forma como se diferenciam e superam a concorrência e têm, também, de analisar se o negócio está dentro do que é tendência. Há a necessidade de saber quais são as grandes tendências e se a empresa estiver bem posicionada, estará no caminho certo.


Definição da estratégia

Deste modo, o segundo passo para iniciar a escalada do negócio é uma boa definição estratégica:

  • Boa seleção do nicho de mercado;
  • Boa análise da concorrência;
  • Começar a definir/refinar uma proposta de valor, que sirva esse nicho de mercado de uma forma diferenciada da concorrência.

Para aprofundar mais sobre este assunto torna-se importante construir o modelo de negócio de Canvas e o Plano de Negócio.


Canvas

O modelo de negócio de Canvas (Business Model Canvas) é uma ferramenta de gestão estratégica que permite o desenvolvimento do modelo de negócios das empresas. É um instrumento de diagnóstico e planeamento que visa responder a quatro grandes questões.

  1. O que faz a nossa empresa: produto ou serviço.
  2. Como a empresa faz: recursos, atividades, parcerias necessárias.
  3. A quem está destinado: público-alvo.
  4. Quanto entra e sai da empresa: principais custos e receitas, para saber se a ideia é financeiramente viável.

Esse método surgiu no livro Business Model Generation, de Alex Osterwalder e Yves Pigneu. A sua estrutura conta com nove blocos: 

  1. Proposta de valor
  2. Segmento de clientes
  3. Canais
  4. Relacionamento com os clientes
  5. Fluxo de receitas
  6. Recursos chave
  7. Atividades chave
  8. Parceiros chave
  9. Estrutura de custos

O Canvas, ajuda ao estudo e enquadramento do projeto. Depois de concluído o modelo de negócio de Canvas, deve ser elaborado o Plano de Negócio.


Plano de Negócio – Business Plan

O plano de negócio é um documento com um nível de detalhe superior ao modelo de negócio.  Com este, é possível analisar o mercado e os números antes de tomar decisões, e evitar correr o risco de fazer maus investimentos e haver uma perda de dinheiro, caso a ideia de negócio não tenha viabilidade económica. Não é necessariamente um documento longo, mas sim assertivo, objetivo, simples, completo e flexível, passível de ser alterado em função da conjuntura. Deve focar-se nos aspetos essenciais, incluir tabelas e gráficos que facilitem a compreensão dos dados, escrever de forma objetiva, incluir dados e previsões realistas.


A estrutura de um Plano de Negócios não é fixa, mas normalmente tem determinados componentes essenciais para a apresentação e compreensão do negócio. Independentemente da estrutura final, é importante que inclua itens como: um sumário executivo, uma descrição da empresa (o que torna a empresa única), uma análise estratégica, uma análise de mercado, que identifique também os clientes, os concorrentes, os fornecedores, serviços ou produtos, estratégia de marketing e vendas, o montante do investimento e projeções financeiras.


A estrutura de um plano de negócios está conforme as regras que o IAPMEI propõe, e é composta por onze componentes.

1. Capa e Índice: a capa deve conter a identificação e dados da empresa (nome, morada, email, número de telefone – toda a informação para contacto dos promotores).

2. Sumário Executivo: o Sumário Executivo é o capítulo mais importante de um plano de negócios. Este deve sintetizar os onze componentes que integram o Plano de Negócio, e, por ser uma síntese do plano, normalmente, é o último capítulo a ser elaborado.

3. Missão/Visão do Negócio: a missão é uma declaração sintética da oportunidade do negócio, e a visão é uma perspetiva de futuro que descreve onde e como o negócio deve estar no futuro.

4. Estudo de Mercado: em primeiro lugar, antes de abrir um negócio é essencial fazer um estudo de mercado, com o objetivo de analisar se existe procura para o produto/serviço. A estratégia a definir tem de ser baseada em dados, factos e não em perceções da realidade. Em segundo lugar, deve conhecer o seu produto/serviço e o seu cliente: por um lado, deve saber exatamente quais as características do seu produto/serviço e, por outro, deve conhecer muito bem o seu cliente e as suas necessidades. Depois, deve adaptar se ao seu cliente, definindo estratégias que o levem a comprar o que tem para oferecer. Quanto mais conhecer o seu cliente, melhor a capacidade de o servir melhor e de o servir mais vezes.  Em terceiro lugar, é necessário estudar os concorrentes: a sua ideia terá de trazer algum valor acrescentado ao mercado que já existe (algo diferenciador). É importante identificar quem são seus principais concorrentes, as mercadorias ou serviços que oferecem, os pontos fortes e fracos da concorrência, e a lealdade dos clientes (Procure responder à seguinte pergunta: porque me devem comprar a mim em vez de comprar aos meus concorrentes? O que torna o meu produto ou serviço melhor?). Por último, em quarto lugar, deve estudar os seus fornecedores: inicie o estudo dos fornecedores, por área de atuação como: fornecedores de equipamentos, máquinas, serviços, matérias-primas ou mercadorias. Tenha em consideração o preço, a qualidade, as condições de pagamento e o prazo médio de entrega.

5. Plano de Marketing: só uma vantagem competitiva não é suficiente, é necessário saber comunicar essa vantagem competitiva ao mercado. Então, antes de lançar o negócio, pondere, comece a definir estratégias de marketing, para o seu público-alvo saber que ele existe, crie uma presença online e mantenha uma comunicação clara, para atrair os clientes.

6. Plano Operacional: a etapa do plano operacional é o momento em que começa a distribuir os setores da sua empresa, a sua capacidade de produção e vendas e o número de funcionários que são necessários para ter sucesso na realização do plano de negócio (identificando o número necessário de colaboradores para o trabalho, indicando as posições, funções e que qualificações devem possuir).

7. Plano Financeiro: é preciso apresentar todas as ações planeadas para a empresa em números. Perguntas importantes que o empreendedor deverá responder neste item são: “Quanto será necessário para iniciar o negócio, o investimento inicial necessário?”, “Existe possibilidade de recursos para isto?”, “Os recursos para o crescimento do negócio virão de onde?”, “Para que o negócio seja viável, qual o mínimo de vendas e prestações de serviços necessário? Em que momento será o ponto de equilíbrio?”, “O volume de vendas e prestações de serviços que a empresa prevê atingir torna o negócio atrativo?” e “Será atrativa a rentabilidade que a empresa conseguirá obter?”. 

8. Construção de Cenários: simule valores e situações diversas para a empresa (dos melhores aos piores), prepare cenários que sejam otimistas, medianos e pessimistas, e, depois disso, analise que ações precisariam ser tomadas para cada um desses cenários, por forma a prevenir as adversidades ou para potencializar situações favoráveis.

9. Avaliação do Plano de Negócios: por fim, realiza-se a Avaliação do Plano de Negócios. Avalie se o seu negócio ou empresa é viável ou não, mas lembre-se que o mercado muda constantemente, por isso mantenha o seu plano de negócio atualizado com a realidade e moldável a vários cenários.

10. Anexos: deve ser incluída em anexo toda a informação relevante que não seja incluída no corpo do plano de negócio (por exemplo os organogramas, os currículos, os estudos de mercado, elementos de marketing e imagem da empresa, protótipos dos produtos, cópias de contratos, obtenção de licenças, etc.).

11. Análise Estratégica: se a empresa tem como objetivo lançar um novo produto ou pensa elaborar um plano de expansão, terá de fazer uma Análise SWOT, uma análise das 5 Forças de Porter e a análise PEST. Isso porque cada um desses ambientes, forças e fatores desempenham um papel importante na determinação da viabilidade e rentabilidade do projeto.


Um ponto importante a referir é que com o plano de negócios é possível realizar um acompanhamento comparativo entre o previsto e o real, tomando medidas para corrigir desvios. O plano de negócios, apesar de não ser a garantia de sucesso, ajuda a tomar decisões mais acertadas, a seguir em rumo aos seus objetivos, com menos riscos.


Conclusão

Num mundo cada vez mais digital, global e competitivo, onde existe uma grande quantidade de informação, o Business Intelligence (BI) torna-se fundamental para fazer com que as empresas tenham dados bem estruturados para conseguir tomar decisões assertivas. As decisões têm de ser baseadas em números e em factos e não na intuição ou apenas na experiência. Analisando todos esses dados, consegue constatar se está a cumprir o objetivo, o que foi orçamentado ou se há desvios e, havendo desvios, consegue tomar decisões rápidas, por forma a serem efetuados ajustes rumo ao objetivo.

O BI é um investimento importante pois representa um apoio à gestão, ajuda a encontrar oportunidades, analisa o mercado, monitora a concorrência e os consumidores e ajuda realizar as projeções financeiras de curto, médio e longo prazos. Por isso, temos de responder rapidamente às mudanças do mercado, de forma colaborativa e focada no consumidor, e de encontrar uma maneira de prever, testar e direcionar as mudanças, sem passar por elas. 

O sucesso dos negócios depende da rapidez com que os profissionais tomam decisões e põem em prática e para isso é importante ser ágil. Aprender a assumir riscos, falhar rapidamente, ficar conectado com os seus clientes, colaboradores ou stakeholders é fundamental.



         Ana do Carmo

         (Técnica Financeira)


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